Estado concede a Medalha de Mérito Cultural in memoriam a Paulo Leminski 30/08/2025 - 19:40
O poeta curitibano Paulo Leminski recebeu in memoriam, neste sábado (30), a Medalha de Mérito Cultural do Paraná, criada em 2024 pelo Governo do Estado e Secretaria de Estado da Cultura (SEEC) para reconhecer pessoas, instituições, projetos e eventos que marcaram a cultura paranaense. A homenagem acontece no mês em que se celebra o aniversário de 81 anos de Leminski, nascido em 24 de agosto 1944, reforçando a atualidade e a vitalidade de sua obra, que continua a inspirar novas gerações.
A entrega da medalha foi feita pela secretária de Estado da Cultura, Luciana Casagrande Pereira, à filha do poeta, Áurea Leminski, presidente do Instituto Paulo Leminski. O reconhecimento foi realizado dentro da programação do Festival Paulo Leminski, que neste ano reúne shows, debates, oficinas e atividades voltadas à literatura, à música e à poesia.
No line up do evento, o público confere grandes nomes como Lenine e Jards Macalé, além dos talentos paranaenses Rubia Divino, Janine Mathias, Leo Fressato e Leminskanções, projeto de Estrela Leminski e Teo Ruiz.
“Foi muito especial receber essa medalha em nome do meu pai. Esse reconhecimento tem um peso enorme para nós, como família e como Instituto, porque simboliza a importância de manter viva a obra do Leminski. Vamos carregar essa homenagem como algo precioso, e dividimos essa honra com todos que acompanham e celebram sua trajetória”, afirmou Aurea Leminski.
Diretora-geral do festival, ela lembra que o evento nasceu no ano passado como uma celebração aos 80 anos de nascimento do poeta e rapidamente conquistou o público. “O festival criou um ambiente intimista, afetuoso, no palco da Pedreira, que é um verdadeiro santuário. A cada edição conseguimos mostrar a diversidade da obra dele, com artistas que conviveram com meu pai, como Jards Macalé, e outros que foram profundamente influenciados por sua poesia, como Lenine. Também abrimos espaço para talentos locais, mantendo a obra dele atual, cheia de frescor e oxigênio”, explica.
Para a secretária de Estado da Cultura, Luciana Casagrande Pereira, a entrega da medalha sela um momento simbólico. “Leminski é um nome essencial da literatura brasileira e um ícone da cultura paranaense. Sua criação segue viva, atual e necessária, em diálogo com diferentes linguagens artísticas. A medalha é um reconhecimento à força dessa obra que atravessa o tempo”, pontua.
LEMINSKI – Curitibano por excelência, um “pinheiro que não se transplanta”, como ele mesmo dizia, Paulo Leminski Filho nasceu em 24 de agosto de 1944 na cidade que tanto se traduz em sua obra. O pai, Paulo Leminski, era filho de poloneses, e a mãe, Áurea Pereira Mendes Leminski, tinha ascendência portuguesa, negra e indígena. Teve também um irmão dois anos mais novo, Pedro Leminski, com quem compôs a música “Oração de um suicida”, que abre o primeiro álbum da banda curitibana Blindagem, de 1981.
Com Ivo Rodrigues, vocalista do Blindagem e também da precursora do rock curitibano A Chave, teve uma grande parceria musical. Além disso, suas composições foram gravadas por nomes como Caetano Veloso, que colocou "Verdura" no álbum "Outras Palavras", de 1981; pelos “novos baianos” Paulinho Boca de Cantor e Moraes Moreira, que gravaram, entre outras, as músicas "Valeu", "Se houver céu" e "Lêda"; Arnaldo Antunes, com "UTI" e "Além alma", e por Zélia Duncan, que gravou "Dor Elegante", antes musicada por Itamar Assumpção, além de outras figuras importantes da cena musical brasileira.
Na literatura, a produção começou cedo e, em 44 anos de vida, caminhou entre poesia, prosa, ensaios, biografias e traduções. Aos 19 anos já estava presente nos círculos da literatura, como quando participou, em 1963, do I Congresso Brasileiro de Poesia de Vanguarda, em Belo Horizonte, ao lado dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos, principais nomes da chamada Poesia Concreta.
Já os primeiros livros são editados nos anos 1970. Resultado de oito anos de trabalho, a estreia aconteceu em 1975, com a publicação, pelo próprio autor, do livro de prosa experimental "Catatau", que tem como personagem o filósofo René Descartes divagando em alucinações pelos trópicos, partindo da premissa de que o filósofo estivesse no Brasil vindo na comitiva do conquistador Maurício de Nassau. Depois disso vieram dezenas de outras obras. Ele tem um Jabuti entre suas conquistas.